PRIORIZE A RENTABILIDADE AO INVÉS DO FATURAMENTO - III
Com esse artigo, finalizo a série de três sobre a importância de se colocar em primeiro plano a rentabilidade em contrapartida ao faturamento da empresa. O foco será dado no cálculo da necessidade de capital de giro, pois se presume que a estrutura administrativa e os níveis de produção e de estoque já estejam alinhados à previsão realista de vendas.
A literatura sobre fatores de produção, inúmeras vezes enaltece o nível tecnológico empregado, os recursos naturais utilizados, a mão de obra qualificada para exercer as atividades e as máquinas e equipamentos necessários ao processo de se manufaturar, comercializar ou prestar serviço para determinado bem. Usualmente, deixa de lado o volume de capital de giro indispensável para a completa realização do trabalho.
Isso, é uma falta grave!
As principais consequências implicam num nível de endividamento e de despesas financeiras crescentes, na medida em que a empresa se utiliza de mais recursos do mercado de capitais, fundamentalmente, através do crédito.
Na economia brasileira, as taxas de juros são elevadas e as instituições financeiras dispõem cada vez mais de instrumentos, tais como, IA, big data, cadastro único, dentre outros, para definir com risco reduzido, o volume de crédito a ser concedidos a seus clientes. A tendência é a de que o nível de exigências seja cada vez maior.
Sugere-se para organizações sejam elas, pequenas, médias ou grandes o cálculo bimestral de seu ciclo operacional e de caixa, juntamente com a evolução desses indicadores através da série histórica de pelo menos um ano. O ciclo operacional (CO) compreende a somatória dos prazos médios de fabricação, estoques e de recebimento, por exemplo, CO =15+30+60 = 75 dias e o ciclo de caixa (CC) subtrai desse total o prazo médio de pagamentos, por exemplo, CC = 75-45 = 30 dias.
A situação ideal é a do ciclo de caixa, também chamado de financeiro negativo, ou seja, a empresa recebe pelas vendas antes de pagar seus fornecedores, mas essa não é a realidade das empresas, pois na sua maioria possuem o ciclo de caixa positivo, como no exemplo, em que a empresa paga seus fornecedores 30 dias antes de receber pela venda dos produtos ou serviços.
O acompanhamento desses indicadores é de vital relevância, pois revelam a eficiência e eficácia não só do modelo de negócio como da equipe administrativa e são determinantes para o cálculo da necessidade de capital de giro, representada pela equação:
NCG = AO – PO, sendo:
AO – Ativo Circulante Operacional (duplicatas a receber (+) estoques) e PO - Passivo Circulante Operacional (fornecedores (+) impostos (+) pessoal (+) contas a Pagar).
O cálculo desse volume é imprescindível para regular a velocidade de crescimento, manutenção ou até redução do patamar de produção e vendas da empresa. Como abordado nos textos anteriores, cuidado com o Efeito Tesoura, através do qual o nível de faturamento e de endividamento crescem ao mesmo tempo.
Sob certas circunstâncias é melhor reduzir de tamanho ou crescer mais lentamente do que ter o montante das despesas financeiras maior que o do lucro aferido ou obter prejuízo no exercício fiscal. Todavia, isso implica em se recusar um pedido de venda, o que não é decisão fácil.
O cálculo e acompanhamento desses indicadores são essenciais não só para o sucesso da implementação da estratégia como para a obtenção de linhas de crédito que deem suporte à operação das organizações. Confira...
(*) Prof. Dr. Jose Eduardo Amato Balian
Consultor empresarial
jbalian@uol.com.br
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