RESULTADO PRIMÁRIO E LUCRATIVIDADE: ALGUNS PONTOS COMUNS
RESULTADO
PRIMÁRIO E LUCRATIVIDADE: ALGUNS PONTOS COMUNS
(*)
Prof. Balian
Existe semelhanças entre o
resultado primário obtido pelo governo federal e a rentabilidade das empresas
auferidos no fim do exercício fiscal. Sob a ótica das organizações, L = RT – CT,
onde L é o lucro, RT é a receita obtida pela venda de produtos e serviços menos
CT, os custos para produzi-los e vende-los.
No âmbito governamental,
o saldo das contas públicas é representado pela equação RP = T – G, ou seja, RP
é o resultado primário, T a somatória de todos os tributos arrecadados menos G,
os gastos efetuados no período.
Para melhorar a lucratividade
das empresas, trabalha-se as duas variáveis, ou seja, aumento das receitas e
redução de custos. Um erro comum é o de se priorizar a redução de custos e deixar
de lado o crescimento das receitas. As empresas são capazes de fazer inúmeras
reuniões para cortar gastos e se preocupam mais em achar culpados pela queda
das vendas do que tomar medidas para aumentá-las.
Na ótica governamental, a
questão é igual, só que com a outra variável, a preocupação rotineira é de se
fazer reuniões para aumentar a tributação e deixar de lado a redução das
despesas.
Os gestores públicos,
sejam eles, municipais, estaduais ou federais, não levam em consideração a enorme
dificuldade que as empresas possuem em pagar seus tributos, nem o enorme contencioso
tributário que tramita na justiça equivalente a 73% do PIB, ou cerca de R$ 7.300
bilhões de reais.
As organizações optantes
pelo regime tributário simples, o de menor carga no Brasil, não conseguem
manter em dia suas obrigações com o fisco e os três poderes: legislativo,
executivo e judiciário não se cansam em aumentar despesas ineficazes, reduzir
investimentos produtivos e pressionar ainda mais o contribuinte, pessoa física e
jurídica para manter um Estado gigantesco caracterizado pela má qualidade dos
serviços públicos oferecidos aos cidadãos brasileiros.
O governo federal enviou para
o Congresso Nacional, com meses de atraso, o Projeto de Lei do Arcabouço Fiscal,
baseado somente em aumentos de arrecadação numa proporção maior que o crescimento
de gastos predominantemente improdutivos.
A redução da dívida
pública e dos desembolsos, junto com o crescimento dos investimentos foram colocados
em segundo plano e me parece ilusório imaginar que o Banco Central possa
iniciar o processo de queda das taxas de juros antes de 2024. Isto se o pacote original for aprovado, o que
parece difícil, uma vez que não está claro que o governo tenha maioria no
Congresso Nacional.
A previsão de arrecadação
adicional de R$ 100 bilhões a R$ 150 bilhões em 2024 é por demasiadamente
otimista. O Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, calcula que a soma
do crescimento da economia e do tamanho do ajuste pelo lado de receita terá de
alcançar pelo menos uma expansão de 4% ao ano, para manter a dívida no nível
atual de 76% do PIB até 2026.
Estima ainda que se a
economia não crescer cerca de 2,5% ao ano, a meta de estabilização da dívida
dificilmente será alcançada no curto prazo, já que pelo lado da receita é muito
difícil produzir um ajuste em magnitude superior a 1,5% do PIB.
A melhor forma de
aumentar a arrecadação e garantir o equilíbrio das contas públicas seria
reduzir a carga tributária e deste modo, ampliar a base de contribuintes bons
pagadores. Parece paradoxal, mas não é!
A concentração de
investimentos no término das 8.600 obras públicas inacabadas no país é de vital
importância e junto com a redução da carga tributária, poderiam ser o ponto de inflexão
para reverter as expectativas de desânimo e descrença por parte de empresários,
trabalhadores e consumidores no início de governo do Presidente Lula.
O momento econômico é
bastante delicado após o 1º. trimestre de 2023 ter sido muito fraco em termos
de faturamento por parte das empresas.
(*) Prof. Dr. Jose Eduardo
Amato Balian
Consultor empresarial
jbalian@uol.com.br
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