NO NEVOEIRO LEVE O BARCO DEVAGAR E NA INCERTEZA DA ECONOMIA PRIORIZE O CAIXA DE SUA EMPRESA
A frase não é nova, mas o
compositor Paulinho da Viola diz em suas canções que o marinheiro deve ser
cauteloso no nevoeiro e levar o barco devagar até a tempestade passar, e da
mesma forma, o gestor tem a incumbência em tempos incertezas jurídicas e
administrativas de focar no caixa de sua empresa de modo a deixá-lo positivo e
postergar os projetos de investimentos sejam eles de expansão ou de melhoria
interna.
A cada dia, o governo
Lula deixa os empresários mais apreensivos quanto a que direção tomar. No campo
administrativo, decretos do Presidente modificaram o marco do saneamento básico
onde estavam previstos mais de R$ 35 milhões de investimentos, num país onde cerca
de 35 milhões de brasileiros não tem acesso a água potável, 100 milhões, quase
metade da população, não tem coleta e tratamento de esgoto e 51% do sistema de
esgoto existente não é tratado.
O Congresso vai mudar a
Lei das Estatais com o apoio do executivo, possuímos 419 empresas estatais das
quais 198 são federais. Você saberia dizer meia dúzia delas eficientes?
A autonomia das agências
reguladoras está em perigo, por conta de uma emenda-jabuti. Há sempre uma
desculpa para modular regras, mas o sabido é se dependurar no Estado com mais
subsídios e cargos. O novo arcabouço fiscal é uma Carta de Intensões sem o aval
do FMI, que enfraquece a Lei de Responsabilidade Fiscal e não reduz despesas e nem
direciona recursos para investimentos na infraestrutura que é o principal
gargalo da economia brasileira atual.
No campo jurídico, temos
o vai e vem da Lava Jato. O STJ rediscutiu a incidência de imposto sobre
benefícios fiscais concedidos pelos Estados, e uma liminar do STF suspendeu a
eficácia da decisão. Sem falar sobre o debate sobre a coisa julgada e
retroatividade.
No
Brasil, o julgamento retroativo causa insegurança jurídica e provoca o caos nos
negócios. O mesmo STF avança sobre a legislação trabalhista e parece não levar
em consideração seus benefícios, tais como: introdução da incumbência, ou seja,
a parte que perde deve ressarcir a vencedora; liberalização da terceirização de
atividades fim; negociação coletiva se sobrepõe ao que está na legislação
trabalhista; redução de 46% das ações trabalhistas e deu amparo legal ao
teletrabalho. são 15 direitos que podem ser negociados. Falta ainda, um sistema
de proteção aos trabalhadores de plataformas digitais.
Enfim, a conjuntura não
favorece os investimentos nem as perspectivas de bons negócios, razão pela qual
as empresas sejam elas com fins lucrativos ou não, precisam preservar seu caixa
até o cenário mudar.
Com essa finalidade, as
organizações podem trabalhar no sentido de reduzir estoques, coordenar as
compras de matérias primas à produção e vendas de produtos, preservar as
campanhas de marketing e reduzir o ciclo operacional, ou seja, o tempo entre
comprar matéria prima e receber pela venda do produto.
As dificuldades são
imensas para deixar o caixa superavitário, mas os resultados compensam e por
hora, resta saber se atravessamos um nevoeiro passageiro ou é o início de uma
tempestade de quatro anos.
(*) Prof. Dr. Jose Eduardo
Amato Balian
Consultor empresarial
jbalian@uol.com.br
Comentários
Postar um comentário