SETE QUESTÓES E UM ÚNICO SEGREDO
(*) Balian
Tem sido surpreendente a
gestão do Presidente Lula no seu terceiro mandato na medida em que repete os mesmos
equívocos dos governos anteriores e da Presidente Dilma, além de não copiar o
que deu certo nesse período.
A principal contribuição
da história é de apreender com os erros e não os cometer novamente. Na pior
hipótese, pode-se fazer novos, mas nunca os mesmos. Infelizmente, não é o que
está acontecendo com a gestão petista.
Sete questões podem ser
abordadas nesse triste episódio. A primeira, no governo do Presidente FHC, o superávit
primário era de 4,25% do PIB e finalizou seu mandato com as contas
equilibradas, máquina pública enxuta, investimentos em alta e inflação sob
controle.
Os governos Lula 1 e 2
reduziu o superávit com crescimento de despesas, corte de investimentos em
infraestrutura e aumento de gastos em programas sociais que não tiveram sucesso
esperado, pois não diminuíram o ciclo de pobreza no Brasil. O programa Bolsa Família
beneficiava 11 milhões de famílias em 2002, dobrou para 22 milhões passados 20
anos e o nível de pobreza só cresceu. Não há do que se vangloriar.
O programa além das
obrigações atuais, poderia capacitar os pais através de cursos profissionalizantes,
fundamentais para preencher 1,4 milhão de vagas que ficaram abertas por falta
de qualificação em 2022. Ainda há tempo,
governo e sindicatos poderiam ter papel fundamental nessa iniciativa e diminuir
o número de oito milhões de pessoas desempregadas e treinar mão de obra.
Na segunda, seria mais
coerente o planalto propor simplesmente o fim do teto de gastos sem
contrapartida, pois o arcabouço fiscal não controla despesas, não programa
investimentos produtivos e a previsão de receita é incompatível com a realidade
atual. Imaginar que taxa real de juros caia e o PIB cresça satisfatoriamente nessas
condições é o mesmo que acreditar em papai Noel.
Terceira, a tão
necessária e esperada reforma fiscal é uma incógnita! Não é possível
prever o valor a ser estipulado para o IVA – Imposto de Valor Agregado pelo
Congresso Nacional, pois o risco de as exceções distorcerem o escopo da reforma
é alto, ainda mais com um governo fraco de ideias e propósitos.
Quarta, a taxa de
investimento para o país crescer acima de 4% ao ano é de pelo menos 22% do
PIB e a atual beira os 19%. O governo não tem caixa e não facilita as parcerias
público e privadas, ao invés de ajudar cria impe cílios para os investimentos em
saneamento, ferrovias, produção e distribuição de energia, sem falar no
potencial perdido com a interrupção das privatizações.
A maioria dos estados
brasileiros são administradores de folha de pagamento, pois não formam e qualificam
mão de obra e muito menos investem em obras. Chega a ser vexatório o novo PAC
prever investimentos federais anuais de R$ 60 bilhões frente um PIB de R$ 10
trilhões e arrecadação total de R$ 3,5 trilhões. Na economia brasileira não há falta
recursos e sim uma melhor gestão federal, estadual e municipal deles.
Quinta, a ilusória capacidade
do partido dos trabalhadores em negociar com o Congresso Nacional na
aprovação de suas medidas é equivalente a soberba e os resultados do time do Flamengo
na disputa dos campeonatos de futebol. O centrão formado pela junção de parlamentares
de diversos partidos políticos parece que não está interessado no
desenvolvimento do país e somente com um projeto bem definido de
desenvolvimento e apoio da sociedade, o governo terá condições de canalizar
esse poder para o bem comum e não para parcela minuta da sociedade, como
acontece hoje.
Sexta, o ministério da
agricultura, através dos bancos estatais poderia elaborar um programa de
financiamento para construção de silos e afins, de modo que o produtor possa armazenar
a totalidade da safra e vende-la nas condições ideais de preço. Só para efeito
de comparação a capacidade de armazenamento do Brasil é de 17% da safra e da
economia americana é de 170%.
Sétima, o setor
industrial vem há décadas sendo penalizado, pois hoje representa 11% do PIB
e paga cerca de 45% dos tributos arrecadados. É o setor que melhor remunera e proporciona
crescimento profissional e está nocauteado, através da elevada carga
tributária, encargos sociais desproporcionais, taxa de juros exorbitante e
falta de crédito. Elaborar uma política industrial, mais a reforma tributária, é
mais do que uma necessidade e sim, condição de sobrevivência para o setor.
O tempo passa rápido e
não pode ser recuperado. Já se foram sete meses e os resultados são pífios, o
segredo é esquecer o Presidente Bolsonaro, virar a página e canalizar esforços em
novos projetos.
As rádios, TVs, jornais,
mídias sociais e internet de forma geral não cooperam, nos dão a impressão que
é mais importante criticar o governo anterior do que ajudar o novo. No entanto,
o atual não tem o que mostrar, daí o esforço de todos em deixar as questões
políticas e ideológicas em segundo plano e trabalharmos juntos para elaborar um
projeto de desenvolvimento para o país crescer e atingir o desenvolvimento
sustentado.
(*) Prof. Dr. Jose Eduardo
Amato Balian
Consultor empresarial
jbalian@uol.com.br
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