ESTRATÉGIA, INVESTIMENTOS E ELEIÇÕES

 

(*) Prof. Balian

A gestão do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad não tem sido fácil, pois de um lado é pressionado pelas lideranças do PT para ampliar o nível de gastos, aumentar o consumo das famílias e obter votos nas eleições municipais que se avizinham e por outro, sofre pressão do mercado financeiro para que alcance as metas de zerar o déficit primário e estabilizar a dívida pública, aliás, objetivos que o governo sob sua liderança estabeleceu ao aprovar o Arcabouço Fiscal em julho de 2023.

Os governantes brasileiros, salvo raras exceções planejam mal sua gestão, vivem “apagando incêndios”, faltam projetos de desenvolvimento, prioridades e ações compatíveis para alcançá-los. Estabelecer planos mirabolantes, com metas e objetivos descoordenados não são suficientes.

Para o Brasil se desenvolver necessita de investimentos, na infraestrutura, tecnologia, energia limpa e qualificação profissional e para tanto a taxa de juros real, descontada a inflação, precisa ser menor que a taxa de juros neutra, de longo prazo dos títulos públicos, que reflete como o mercado precifica os resultados da política fiscal.

Seu papel é preponderante, pois se a política fiscal for bem-sucedida, a taxa de juros neutra cairá e os recursos serão canalizados para o setor produtivo gerando emprego e renda, caso contrário, o efeito é inverso.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, de 2000 até novembro de 2023, a taxa média mensal de investimento em capital fixo ficou em 17,9% ao PIB. A partir de janeiro de 2015 até hoje, a média caiu para 16,4% e estima-se para um crescimento sustentado de 4% ao ano, deveria ser de 24% do PIB.

Em 2023, a dívida pública atingiu R$ 8,1 trilhões ou 74,3% do PIB, contra 71,6% em 2022. O déficit primário foi de R$ 249,1 bilhões ou 2,29% resultado bem inferior ao superávit de R$ 126,0 bilhões de 2022.  O déficit nominal (descontado o pagamento de juros) foi de R$ 967,4 bilhões ou -8,89% do PIB, muito superior aos R$ 460,4 bilhões ou -4,57% de 2022.

A inflação no ano passado bateu 4,62% e a previsão do mercado financeiro para 2024 é de 3,90%, perto no centro da meta de 3% e longe do limite superior de 4,5%. 

Os gastos do governo têm impacto significativo na demanda, inflação e contas públicas. Se os juros estiverem altos e a inflação não cair, é sinal que o governo está gastando mais do que pode e o Banco Central vai ter que elevar a taxa de juros para segurar a demanda e inflação.

Caso o governo continue a acreditar que o crescimento virá do aumento da demanda via gastos e não de investimentos produtivos, a taxa de juros continuará alta, o avanço do PIB será pequeno e a frustração de 200 milhões de brasileiros grande.  

Uma proposta: Se reduz a carga tributária e gastos públicos, por consequência o custo Brasil diminui e com a redução dos preços se vende mais produtos e serviços. Ao final, o governo arrecada mais, gera superávit fiscal e investe adequadamente reduzindo os gargalos que limitam o desenvolvimento desde 2008.

A dificuldade é que essa estratégia exige tempo e liderança com ideias e propósitos de união nacional e do interesse coletivo sobre o individual.

Alguém se habilita em utilizá-la?       

(*) Prof. Dr. Jose Eduardo Amato Balian

Consultor empresarial

www.itdi.com.br

jbalian@uol.com.br


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