EXPECTATIVAS, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
(*) Prof. Balian
É senso comum que os negócios são feitos de expectativas. Eu lhe vendo um produto ou presto um serviço na suposição de que você vai me pagar por ele.
Por melhor que seja sua pontuação no sistema de crédito, se não houver confiança, o negócio não sai. O contrário também é verdadeiro e a confiança faz parte da relação entre a administração pública e privada com reflexos no cenário que permeia a atividade econômica.
O governo na direção da economia e os empresários nas empresas precisam cada um fazer a sua parte para o desenvolvimento sustentado. O padrão de vida (riqueza) de uma nação é determinado pela produtividade com que usa seus recursos naturais, humanos e de capital.
Os dois últimos trimestres de 2023 tiveram crescimento zero do PIB, isto é, não saímos do lugar. Dados de mercado financeiro projetam crescimento de 1,9% do PIB para o ano, insuficiente frente nossas necessidades. Um fator determinante para isso, é a confusa condução das políticas públicas que geram insegurança jurídica e administrativa.
Observe as posições e medidas governamentais listadas a seguir:
(i) enviar o Projeto de Lei de desoneração dos 17 setores para o Congresso Nacional igual aos das medidas provisórias rejeitadas em duas oportunidades é quase um insulto;
(ii) os motoristas de app não querem trabalhar sob o regime C.L.T tradicional, pois prestam serviços para várias empresas e o ministério do trabalho parece não entender;
(iii) penalizar o comércio varejista com mais custos por abrir no fim de semana e feriados, traz prejuízos às empresas e consumidores;
(iv) medida provisória que reduz as regras de tributação de incentivos concedidos por estados sobre o ICMS de períodos anteriores, gera incerteza jurídica, afugenta investidores e quebra das empresas;
(v) a saída de US$ 21 bilhões da B3 neste ano e redução de 3% na taxa de investimento de capital fixo em 2023, não são bons sinais para os negócios;
(vi) estatais deficitárias, intervenções governamentais na Petrobrás, Vale e Eletrobrás, geram insegurança aos acionistas;
(vii) reedição de velhos programas sociais sem qualificar mão de obra não reduz níveis de pobreza;
(viii) descumprimento da meta de déficit primário zero estabelecida pelo próprio governo dificulta redução da inflação, juros e dívida pública;
(ix) Posição do governo favorável as ditaduras na Rússia e Venezuela.
A economia não vai tão mal, o desemprego está baixo, a inflação caminhando para o centro da meta, entretanto, a qualidade de vida não melhora e a popularidade do presidente despenca, por quê?
Seu público, predominantemente das classes mais baixas não quer se sindicalizar e sim, progredir, empreender, ascender socialmente e não visualiza essa possibilidade num futuro próximo.
Presidente inseguro e governo sem rumo, levam as expectativas de negócios para o ralo que somados a insegurança jurídica e administrativa, desestimulam investimentos sem os quais não haverá condições de crescer e se desenvolver.
Rapidamente, o governo precisa de um Projeto e que trabalhe unido para seu sucesso de modo a ampliar (i) a confiança do Estado de entregar suas promessas, (ii) das pessoas na capacidade do mesmo de mantê-las seguras (níveis de violência e segurança jurídica), (iii) reduzir a disseminação de desinformação e (iv) promover reformas que construam confiança, cidadania e inclusão.
(*) Prof. Dr. Jose Eduardo Amato Balian
Consultor empresarial
jbalian@uol.com.br
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