CORRIDA COM OBSTÁCULOS


 

Faz três anos que nenhuma empresa abre capital e oferece ações (IPO) na B3 – Bolsa de Valores brasileira, reflexo da insegurança jurídica e administrativa que perdura na economia nacional desde o fim do governo do Presidente Bolsonaro.

No primeiro semestre, o Ibovespa esteve entre as piores performance globais e os ativos estão baixos, depreciados e isso deve chamar atenção do mercado para o 2º. semestre e propiciar bons negócios.

Ainda assim, inúmeros são os obstáculos que as organizações enfrentam para obtenção de resultados positivos. Três merecem destaque especial: carga tributária excessiva, taxa de juros elevadas e alto risco dos negócios.

As empresas no Brasil pagam em média 40% de seus preços de tributos, contra média de 26% na Europa e 7,2% nos EUA. A diferença exorbitante é ao que parece vamos perder uma grande oportunidade de reduzi-la com a regulamentação da reforma tributária que está sendo votada no Congresso Nacional. Caso a carga média se mantenha com simplificação dos pagamentos será uma vitória, porém, com gosto amargo de derrota.

A taxa de juros depende do governo federal e em função da confusa política fiscal não há perspectiva de redução no curto prazo. Declarações difusas das autoridades, desrespeito as metas estabelecidas pelo próprio governo e recusa na redução de despesas não contribuem para queda da inflação e da dívida pública. A continuar dessa forma, a taxa não cai e pode até subir.

Ataques ao Banco Central são infrutíferos e o Presidente Lula infelizmente, não percebeu ou não quer reconhecer que o equilíbrio das contas públicas é o primeiro passo para a redução da inflação e taxa de juros, enquanto isso, o país perde e a perspectiva de crescimento de 2% é ínfima.

As empresas pagam em média taxas de juros anuais de mais de 20% ao ano para obtenção de crédito e observe como é raro nos Demonstrativos de Resultados (DRE) das empresas listadas na B3, o volume de lucro ser maior que as despesas financeiras. O usual é o contrário.

Pois bem! Juros e carga tributária na estratosfera, somados a instabilidade externa provocada pelas guerras e inflação alta na Europa e EUA, aumentam os riscos dos negócios dificultando sobremaneira a gestão das empresas.

Os pedidos de recuperação judicial no Brasil bateram recordes olímpicos no 1º. semestre 2024, alta de 71% se comparados aos do ano passado, com 1.071 solicitações. É a maior quantidade desde 2005, segundo dados do Serasa Experian, refletindo o ambiente adverso dos negócios.

O alto nível de risco é consequência do cenário econômico, social e político atual, é uma barreira difícil de ser transposta na medida em que insistimos em não aprender com a história e cometemos os mesmos erros do passado tentando reproduzir um modelo de desenvolvimento que não deu certo a vinte anos atrás. 

O tempo passa... como dizem os locutores esportivos e os resultados não aparecem tanto no âmbito macro como microeconômico.

(*) Prof. Dr. Jose Eduardo Amato Balian

Consultor empresarial

www.itdi.com.br

jbalian@uol.com.br

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